quinta-feira, 29 de março de 2012

meu anjo

Meu bebé:
Quero escrever algo que na altura não tive tempo de te dizer..  Na altura que soube que estava grávida de ti, estava com receio de como tudo iria acontecer, mas posso dizer-te que eu e o papá ficamos muito felizes, fizemos logo imensos planos para que tudo corresse da melhor forma. Foste aceite por as nossas famílias, ao primeiro era tudo muito estranho mas sempre ficaram felizes, posso dizer-te que foste muito amado por todos.. Apesar das complicações que a mamã teve enquanto estavas na minha barriga, sempre foste as nossas prioridades.. Desculpa se por vezes quando a mamã estava chateada se te transmiti maus sentimentos, não era isso que eu pretendia, sempre quis o melhor para ti, sempre fiz as coisas de forma que tu desenvolvesses saudávelmente. Posso dizer que foi uma felicidade tu teres aparecido nas nossas vidas, foste um orgulho.. Posso também dizer que não houve um único dia em que eu e o papá não falassemos contigo, não te mimassemos, não pensassemos sempre em ti, posso dizer que eras uma prioridade..Quando soubemos que te iamos perder, as nossas vidas mudaram completamente, foi como se destruissem tudo o que tinhamos.. Quando nasceste e perguntaram a mim e ao papá se te queriamos ver, na altura dissemos que não, não queriamos tornar as coisas mais difíceis do que já eram, mas não foi por mal, não significa que não te quisemos ver, muito pelo contrário, estavamos a sofrer tanto que eu acho que se tivessemos visto tu ali como um anjinho não iriamos aguentar.. Desculpa.. Ainda tem mais.. Nós estamos muito tristes por teres partido, estamos a sofrer imenso, mas eu tenho que te dizer que a mamã não pode estar constantemente com o pensamento de que tu vais voltar, porque sei bem que é mesmo impossivel. Lembra-te que nós temos que ultrapassar isto por nós e por ti também, sei bem que não irias querer que a gente estivesse a sofrer.. Portanto desculpa-me por eu ter de ultrapassar e saber lidar com isto com muita força e com um sorriso na cara.. Nós nunca te vamos esquecer, ultrapassar não é esquecer, porque nós de ti nunca vamos esquecer, fizeste e vais fazer sempre parte das nossas vidas, sempre.. Serás sempre o nosso bebé, estejas onde estiveres meu anjinho.. O papá e a mamã vão ser muito felizes, e seremos também felizes por ti.. Prometo-te que jamais serás esquecido e apagado das nossas vidas.. Nós vamos amar-te sempre, sempre com o mesmo amor que te amamos antes. Descansa em paz meu anjinho, eu sei que estarás a olhar por nós aí em cima!!! 

29/03

Hoje pensei no que aconteceria se eu tomasse a decisão de me tornar uma pessoa forte capaz de conseguir ultrapassar isto tudo.. Sei que estou a chegar a um ponto em que as pessoas que gostam de mim não conseguem ajudar e isso deixa-os tristes principalmente o meu Homem, sei que ele é capaz de fazer tudo para me ajudar mas se eu não deixar ele não consegue fazer nada, e eu não quero que ele perca a fé em mim, não quero que a nossa relação sofra com isto tudo.. Secalhar está na hora de eu ser uma mulher de vez!! Eu sei que lá no fundo me sinto capaz de con seguir ser forte, de conseguir arranjar maneira de ultrapassar isto, mas é como se eu tivesse presa a alguma coisa, e não sei mesmo como posso fazer com que este medo desapareça de vez, mas se eu não tentar nunca irei conseguir, eu sempre fui tão forte, tão decidida, não sei porque que no momento em que eu necessitava de o ser, estou a ir a baixo, não pode ser assim!! Eu quero estar bem, quero estar em paz e se não agir imediatamente nunca o vou conseguir estar, por isso mais uma vez vou tentar ser forte. Porque a realidade é esta, ninguém me vai trazer o meu filho de volta por muito que pense que isso vai acontecer não vai, por muito que me custe pensar nisso, é essa a realidade, portanto, não há nada que vá apagar o que se passou, nunca mas nunca me vou esquecer!!!

segunda-feira, 26 de março de 2012

26/03

Passou um mês, um mês cheio de angustia, de sofrimento, de tormento.. Um mês com muitas emocões e muita tristeza. Tem sido difícil aceitar isto tudo, é muita coisa ao mesmo tempo para digerir, forão momentos que não consigo tirar da minha cabeça por mais forte que tente ser. Tenho-me mantido em cima, para que as pessoas não reparem na minha tristeza, para que não demonstrem pena de mim e para não me atormentarem com perguntas constantes, pois infelizmente já passei por cada pergunta, que me deixou de rastos.. Não consigo sentir aquela alegria quando avisto uma criança, até porque sempre foi algo que eu amei e me deixava completamente derretida, era ver um bebé a sorrir, a andar.. mas ultimamente isso mata-me por dentro, mal avisto uma criança lembro-me de tudo como se tivesse a viver naquele preciso instante, dói-me saber que perdi o meu bebé, que poderia ser eu ali com um bebé e não o posso ser, porque o perdi.. Dói imenso sabem? Podem vir milhares de pessoas ter comigo e dizer 'Eu também já passei por algo parecido', 'Conheço gente que já passou assim por algo do género', mas isso serve de connforto? Para mim não tem servido, eu estou a viver um pesadelo que só eu e o meu homem sabem o que é.. Sabem o que é carregar um filho na barriga, ama-lo como se não existisse amanhã, acariciar a barriga como se tivessemos a mima-lo, falar com ele, transmitir-lhe todo o amor que sentimos e de repente sem mais nem menos perdermos tudo? É uma dor que não dá mesmo para explicar, são noites a chorar a chamar pelo meu bebé, são pensamentos de que alguém me vai trazer o meu filho e eu vivo assim, aparentemente bem mas por dentro encontro-me completamente destruida.. Tenho o apoio de toda a gente, do meu homem que faz de tudo para que eu me encontre bem, que me dá força a todos os segundos, que necessita que eu me encontre bem para também estar bem também e o que nos vale é essa força que damos um ao outro, senão eu não conseguia estar a superar isto tudo. Estarás sempre nos nossos corações meu filho, sempre <3

little angel

Não é propriamente a melhor história, apesar dos momentos terem sido inesquecíveis. Encontrava-me grávida de 22 semanas, no dia 22 de Fevereiro de 2012 tinha marcada a ecografia morfológica e estava em pulgas por saber como se encontrava o meu bebé. Não tive propriamente uma gravidez fácil, tinha muitas dores, cheguei inclusive a ir várias vezes ao hospital e ao médico mas todos diziam que estava tudo a correr bem. No dia 22 fui fazer a ecografia, o médico disse-me logo que era um menino, fiquei muito feliz eu e o meu homem, aparentava estar tudo bem até que o médico alertou-me que eu tinha muito líquido amniótico, que já tinha mais de metade do que era normal na altura e que me encontrava com liquido e barriga para uma grávida no fim da gravidez, disse que isso iria causar-me bastantes problemas como dores, falta de ar, falta de posição para dormir, mas o problema era que o bebé podia envolver-se em torno do cordão umbilical e poderia nascer a qualquer momento, eu estava com bastantes dores e queixei-me ao médico, mesmo assim não quis saber. Fiquei aterrorizada, naquele momento o meu mundo parecia que ia acabar. O médico não me encaminhou para lado nenhum, nem me observou mais afundo, mandou-me para casa e desejou-me felicidades. Quando sai do hospital, eu e o meu homem resolvemos ir tirar opinião de outros médicos, eu estava de rastos, não parava de chorar e estava cheia de dores e então dirigimos-nos para outro hospital, entrei na urgência de obstetrícia e ginecologia, fui atendida entretanto e expliquei o que o médico tinha dito e queixei-me das dores, colocaram-me com a cinta e viram que eu estava com contracções. Fui fazer uma ecografia e de repente a médica diz que eu estava a entrar em trabalho de parto, entrei em choque, não sabia o que haveria de fazer, quando a médica me diz que se o bebé nascesse não sobrevivia o meu coração parou, não sabia o que haveria de pensar e mandei logo chamar o meu homem, que quando mal soube entrou em choque. Disseram-me que me iam dar medicação para ver se adiavam o parto e para ver se eu parava de dilatar mas avisaram-me que no dia ou no dia aseguir iria entrar em trabalho de parto. Lá aguentei até dia 24/02 de madrugada começaram a dar-me novamente umas dores insuportáveis, voltei á sala de partos e deram-me medicação, essa que não fez qualquer tipo de efeito e ai perguntaram-me se eu queria epidural para me poderem administrar outra medicação para me tirar as dores, deram-me epidural, e passado umas horas não aguentei, estava a morrer de dores, eram contracções atras de contrações, quando de repente a médica fez uma ecografia e viram que ele já estava de cabeça para baixo, passado um pouco de me prepararem, as minhas águas rebentaram e logo aseguir de eu fazer força o bebé nasceu.. Não o ouvi chorar e ele não sobrevivera, era demasiado pequeno para conseguir sobreviver apesar de ter nascido com 645gramas, não aguentou.. Desde esse dia parte de mim partiu, o bebé que nós tanto amava-mos tinha acabado de partir, o nosso sonho tinha acabado de ser destruído, desde então temos vivido com uma dor e tristeza tremenda, não sei como hei-de arranjar forças para ultrapassar tal sofrimento, se não fosse o meu homem que me tem dado a maior força o maior apoio e amor não sei o que seria de mim. Eu sei que o nosso bebé estará sempre a olhar por nós e sabe bem que nunca o vamos esquecer!

momentos jamais esquecidos